A triste notícia do falecimento da Judith Miller perturbou a nossa comunidade analítica.
A sombra de uma ausência que, irremediavelmente abre-se, deixa intata a luz da bússola com a que ela sabia acolher, interpretar e dar impulso às iniciativas e produções dos grupos do Campo Freudiano dedicados à investigação e estudo da criança e do adolescente no discurso analítico. Com seu atenta escuta, sua paixão e sua audácia, a Judith deu lugar ao novo e cavou o sulco para que o entusiasmo das incipientes inquietudes dos analistas de todas as latitudes chegassem a bom porto. .
Alguns colegas da NRC América nós fizeram chegar seus escritos que delineiam claramente as pegadas de sua orientação.
Cristina Drummond nos fala "...coube a Judith nos fazer compreender que a clínica com crianças não concernia apenas ao trabalho da psicanálise em intensão. Através desta clínica, tínhamos a possibilidade de levar a psicanálise a uma interlocução próxima com outros discursos e lutar por sua sobrevivência em nosso mundo." (*)
Elida Ganoza lembra numa cita, seu ensino: "...Em primer lugar, a Conversação é um médio de trabalho novo, da nova época, a época atual do Campo Freudiano...A Conversação é uma prova da existência duma verdadeira comunidade de trabalho em cada lugar do Campo Freudiano...Clínica, na Diagonal Hispano-falante, quer dizer que um analista tem, com a criança, a mesma ética que com um adulto, mesmo porque se trata de um sujeito"1 (**)
E as palavras da Judith nós advertem: "...Todo fica por inventar nessa nossa época de mutação, suas ressonâncias ficam imprevisíveis e podem conduzir ao pior dos infernos, plantado das melhores intenções, quer dizer a uma segregação reforçada em nome do "todos iguais". Nós, escolhemos a exceção. A invenção, a resistência sem nostalgia e a poesia proveem do discurso do analista que esclarece os outros discursos..., formalizados pelo Lacan" 2
Este número de Rayuela é, precisamente, um cálido homenagem a Judith Miller.
Susana Goldber
Traducción: Silvina Rojas
NOTAS
* C. Drummond. La presencia de Judith Miller
** E. Ganoza. A la memoria de Judith Miller